quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"O amor que tu me tinhas era vidro e se quebrou..."


O amor que tu me tinhas era vidro e se quebrou...



Análise dos aspectos psicológicos e da autoimagem de mulheres vitimizadas
Por: (Carmem Aristimunha de Oliveira, Alicia Carissimi & Evelyn Darling Lima de Oliveira)*





“A violência, em especial a violência contra a mulher, constitui um fenômeno que alcança magnitude e complexidade, sendo, inclusive, considerado um problema de saúde, pois produz impacto na qualidade de vida e no estado de saúde de quem a sofre. A partir desse agravo, em 7 de agosto de 2006, foi sancionada a Lei Maria da Penha, Lei n. 11.340, que estabelece mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a violência contra as mulheres consiste em uma violação dos direitos humanos e um impedimento na conquista da igualdade de gênero, ao mesmo tempo em que ocasiona um grave problema de saúde pública, afetando profundamente a integridade física e a saúde mental das mulheres, da família e da comunidade.

No Brasil, a cada 4 minutos, uma mulher é agredida em seu próprio lar por uma pessoa com quem mantém relação de afeto. 70% dos crimes contra a mulher acontecem dentro de casa, e o agressor é o próprio marido ou companheiro. Além disso, mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos (Narvaz e Koller, 2006). O alto índice desses episódios de violência gerou interesse em compreender diferenças no que tange às características psicológicas de mulheres agredidas e na sua autoimagem em idades diferenciadas.

Sabe-se que a violência não será igualmente percebida ou vivida por toda mulher. Há elementos, como idade, condições familiares, sociais, econômicas e culturais, que podem se conjugar ao gênero. As relações de gênero que fundam a violência não existem no vazio, mas sim em contextos históricos e socioculturais específicos que conferem características diferenciadas à violência, assim como os fatores de risco e fatores de proteção em contextos mais e menos vulneráveis (Marques e Pacheco, 2009).

Nesse âmbito de violência, percebe-se o quanto são significativas a autoestima e a autoimagem das mulheres agredidas que denunciam sua agressão junto às delegacias especializadas, pois estas características refletem no autorreconhecimento, assim como na valorização de suas potencialidades, sentimentos, atitudes e ideias, justificando a necessidade da investigação desses elementos.

Portanto, entende-se como premente colocar em análise a questão da violência contra a mulher, examinando-a de forma mais profunda,com foco nos aspectos psicológicos implícitos em sua dinâmica. Para tanto, propõe-se discutir, efetivamente, suas causas, consequências na autoestima e na autoimagem de mulheres vítimas,além de refletir sobre como esse fato é combatido pela sociedade e pelo Estado,buscando a compreensão psicossocial.”


* Trabalho publicado na Revista Contextos Clínicos, Unisinos, jan-jun 2010

¬¬Dados e estátisticas

Denúncias de violência contra a mulher crescem 112% em 2010.

O serviço de denúncia Ligue 180, específico para receber queixas de violência doméstica contra a mulher, registrou alta de 112% de janeiro a julho deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados divulgados hoje pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, central criada em 2005.

Nos sete primeiros meses de 2010, o disque-denúncia registrou 343.063 atendimentos, contra 161.774 no mesmo período em 2009. Do total de informações prestadas pelo Ligue 180, a busca de informações sobre a Lei Maria da Penha, lei 13.340/2006 corresponde a 50%.

Dos atendimentos registrados neste ano pelo Ligue 180, a maioria se deveu a crimes de lesão corporal. Em seguida, vieram as ameaças, conforme dos dados do balanço. Juntos, os dois tipos de queixas somaram 70% dos registros do Ligue 180.

Das pessoas que entraram em contato com o serviço, 14,7% disseram que a violência sofrida era exercida por ex-namorado ou ex-companheiro, 57,9% estão casadas ou em união estável e em 72,1% dos casos, as mulheres relatam que vivem junto com o agressor. Mais da metade dos casos, mulheres dizem correr risco de morte.

A Secretaria de Políticas para as Mulheres informou que esses crimes também são os mais registrados por mulheres nas delegacias. Na avaliação da secretaria, o total de registros de ameaças - em 8.913 situações - mostra que é preciso atenção a esse tipo de queixa.

Em números absolutos, São Paulo lidera o ranking com 47.107 atendimentos, seguido pela Bahia com 32.358. Em terceiro lugar aparece o Rio de Janeiro com 25.274 dos registros. O Rio Grande do Sul ficou em oitavo lugar, com 11.490 atendimentos registrados.

-Perfil das vítimas

Os dados de hoje também mostram que a maioria das mulheres que ligam para a Central têm entre 25 e 50 anos (67,3%) e com nível fundamental (48,3%) de escolaridade. E 73,4% dos agressores têm entre 20 e 45 anos e mais da metade com nível fundamental de escolaridade.
(fonte zerohora.com)


Costurando sobre o assunto.

A pesquisa que postei acima me serviu como um alerta,foi como se sinos soassem,e esses sinos a alguns anos veem ressoando na sociedade em que vivemos,não importando qual o meio social;a violência contra a mulher já não tem classe social distinta ou grau de estudos,ela simplesmente acontece dentro dos lares,muitas vezes diante dos olhos dos filhos.
O silêncio das vítimas é uma das maiores causas do aumento desse triste quadro humano familiar.
Várias campanhas foram feitas em todos os meios de comunicação, também foi aprovada a lei Maria da Penha, o direito feminino ficou de uma certa forma mais assegurado,apesar de tudo isso violência contra a mulher é real, e vem acontecendo cada vez mais cedo, deixando o âmbito familiar do marido -esposa, para namorados e namoradas...
É preciso que a Mulher que lutou e luta pelos direitos igualitários entre homens e mulheres, comecem a assumir voz ativa. Não apenas para se ter igualdade no trabalho, em remuneração,mas também o direito a segurança e ao bem estar.
A mulher muito mais frágil que a figura masculina ainda formula moldes masculinos perfeitos , românticos e ao se deparar com a realidade não tão perfeita quanto a sonhada,a mulher se sente ainda mais fragilizada.É quando a mulher de forma dolorida passa a reconhecer o sentido da frase: O AMOR QUE TU ME TINHAS ERA VIDRO E SE QUEBROU. Diante da realidade da violência sofrida não apenas o sentimento se quebra,mas também o amor próprio,a auto estima,a confiança; o medo então silencia a voz dessa mulher.
Diga não a violência, o silêncio pode custar uma vida. Nossos direitos são constitucionais,não nos calemos...


Em caso de violência contra a mulher-DENUNCIE!





Mihh valério